Secreta encruzilhada: duas vozes femininas que (se) (trans)formam (n)a poesia angolana
Resumo
Alda Lara e Paula Tavares são as poetas que melhor representam a literatura angolana de autoria feminina e, embora pertençam a gerações diferentes, suas obras se aproximam tanto pela abordagem temática, quanto pelo projeto de busca por uma identidade feminina. Neste texto, analisamos os poemas “Voz na encruzilhada” e “Presença africana”, de Alda Lara, e “Desossaste-me” e “Cerimónia secreta”, de Paula Tavares, para comprovar que a mulher, portadora de uma voz aparentemente silenciosa e marcada pelo cotidiano, pode se inscrever no espaço social e (trans)formá-lo. Nesse sentido, o título do presente texto, advindo do cruzamento dos poemas das duas autoras referidas e de um jogo de palavras, já revela a tensão entre o status quo – a tradição – e a ação sponte sua – a modernidade – que permeia o universo feminino angolano e faz dele uma “secreta encruzilhada”, ou seja, o produto de um exercício cíclico e dialético entre o ser e o estar, a formação e a transformação.
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Referências
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