Estátuas, um mysterium tremendum, em Cecília Meireles e Dora Ferreira da Silva
Resumo
Este artigo aproxima a temática da estatuária nas poéticas de Dora Ferreira da Silva e Cecília Meireles, explorando o simbolismo da pedra relacionado à morte e a alma das coisas na forma fria das estátuas. Nos poemas dessas autoras, as imitações da pedra evocam o mysterium tremendum. Mensageiras do sagrado intocável que incita e invade o reino dos mortais, as estátuas parecem resistir à vida aprisionada no mármore com seu tanto de terrífico e fascinante que ponteia o divino e o humano. Daí a recorrência das poetas a esse simbolismo – que imita a vida sem ter vida – como uma forma de diminuir a intensidade de um mistério que só os deuses conhecem, o sentido da eternidade.
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Referências
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