A construção coletiva das masculinidades no conto “Nós matámos o cão tinhoso”, de Luís Bernardo Honwana
Resumo
O propósito deste estudo é analisar as representações performáticas coletivas das masculinidades no conto emblemático do autor moçambicano Luís Bernardo Honwana, “Nós matámos o cão tinhoso”, texto integrante do livro homônimo publicado em 1964 e considerado o marco da prosa moderna moçambicana. Para realizar a análise das performances masculinas presentes neste conto, parto do princípio de que existe uma construção no imaginário social que define as formas de masculinidades hegemônicas (Connell) que serão performadas individualmente ou preferencialmente em grupo (Butler), geralmente baseadas na naturalização da violência e da agressividade (Welzer-Lang) como legitimação social e diferenciação do modelo feminino de comportamento (Welzer-Lang), cujas representações serão evidenciadas na análise do conto supracitado. Em consonância a Welzer-Lang, a socióloga portuguesa Sofia Aboim acredita que a (s) masculinidade (s) é observada como uma relação de dupla dominação: “a da masculinidade sobre a feminilidade e a de determinado tipo de masculinidade (hegemónica) sobre os outros.” (Aboim, 2008, p. 274). Desta forma, o estudo será desenvolvido a fim de demonstrar as diferentes formas de opressão presentes na performance heteronormativa padrão de masculinidade presentes no texto de Honwana, bem como suas consequências nas ações dos personagens analisados.
Palavras-chave: masculinidade; coletividade; performance; Luís Bernardo Honwana; literatura moçambicana.
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Referências
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