Configurações da modernidade em Terra sonâmbula, de Mia Couto
Resumo
Este artigo objetiva analisar as configurações da modernidade no romance Terra sonâmbula (2007), de Mia Couto. Por modernidade entendemos um conjunto de processos que agrupam atitudes ligadas ao contexto histórico, político e social de países na condição de colonizadores e de colonizados, estando em evidência a realidade moçambicana reconstituída, esteticamente, por Mia Couto. Nesse caso, percebemos a manifestação das colonialidades instituídas pelo controle das narrativas, bem como as tentativas de interrupção no círculo disposto. Para o alcance da substância teórica do estudo, recorremos às leituras de Octavio Paz (1984), Michel Foucault (1987), Walter Benjamin (1989; 1936), Anthony Giddens (1991), Anatol Rosenfeld (1996) e Susan Sontag (2008). Com Nelson Maldonado-Torres (2018), expandiremos o debate conceitual para a modernidade/colonialidade e a decolonialidade – concepção necessária para o entendimento da colonialidade em territórios subjugados pelos processos de exploração e de controle do Ocidente. Terra sonâmbula apresenta a trajetória de personagens marcados pelas questões do período de guerras experienciado em Moçambique, dos quais destacamos a Guerra de Independência de Moçambique (1964 – 1974) e a Guerra Civil Moçambicana (1977 – 1992). Sendo capaz de perceber a modernidade pelo viés duplo, tanto como tema, quanto como traço estrutural: as narrativas atravessadas dos narradores, as guerras de libertação, o padecimento dos moçambicanos, a imbricação de diferentes formas de constituição discursiva (como a introdução dos cadernos de Kindzu) e a resistência à colonialidade são resultados obtidos por intermédio das reflexões aqui desenvolvidas.
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Referências
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