Tardis & Tame: um ensaio sobre o significado e a metafísica da linguagem natural

  • Yuri Penz PUCRS
  • Ana Maria Tramunt Ibaños PUCRS

Resumo

Este artigo aborda a relação teórica entre as instâncias de tempo/espaço a partir da linguagem natural como vetor de sua manifestação, concentrando-se no significado, majoritariamente representando a subárea de Semântica, com algumas incursões sobre a Sintaxe e a Pragmática. O design ontológico de partida é composto principalmente pelas categorias de TAME (tense, aspecto, modo e evidencialidade/eventologia) instanciadas por fenômenos linguísticos que ilustram as propriedades de deslocamento, ancoragem e aboutness. A fim de atingir essa ampla gama de manifestações linguísticas, o escopo se detém na Semântica Verbal do Português Brasileiro (PB), buscando abordar a natureza lexical das entradas nessa língua e sua contraparte metafísica em significado. Esse tipo de abordagem se presta a ilustrar o equilíbrio adequado do dispositivo formal do componente semântico no que diz respeito aos parâmetros de ambas das línguas em relação ao TAME, correlacionando-os aos princípios mais amplos da linguagem humana via o que se pretende cunhar neste trabalho como TARDIS. Este trabalho apresenta-se em três seções: a) teórica, introduzindo as propriedades de cada categoria de TAME ao longo da história da Linguística e da Semântica; b) metodológica, caracterizando o dualismo léxico/metafísica para as abordagens de Semântica Formal e sua correlação com tempo e espaço além de outros conceitos não lógicos privilegiados e sensíveis ao conhecimento semântico; c) epistemológica e analítica, considerando os parâmetros do Português em relação à veiculação das propriedades de TARDIS ao longo das diferentes categorias de TAME e sua correlação com princípios que parecem correlacionar-se com a cognição humana, focando sobretudo na modalidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Yuri Penz, PUCRS

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Ana Maria Tramunt Ibaños, PUCRS

Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Referências

AIKHENVALD, A.Y. Evidentiality in typological perspective. AIKHENVALD, A.Y.; DIXON, R.M.W. (Eds.). Studies in evidentiality. Typological studies in language, v 54, p 1-33. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 2003.
AIKHENVALD, A.Y. Evidentiality. Oxford: Oxford University Press, 2004.
BACH, E. On Time, Tense, and Aspect: An Essay in English Metaphysics. COLE, P. (Ed.). Radical Pragmatics. New York: Academic Press, 1981, p. 63-81.
BACH, E. Natural language metaphysics. Studies in logic and the foundations of mathematics, v. 114, p. 573-595, 1986.
BACH, E. Informal lectures on formal semantics. Albany: State University of New York, 1989.
BACH, E. Time and language. MOLSING, K.V.; IBAÑOS, A.M.T. (Ed.). Time and TAME in language. Newcastle: Cambridge Scholars, p. 8-21, 2013.
BRINTON, L. The development of English Aspectual Systems. Cambridge Studies in Linguistics. New York: Cambridge University Press, 2006.
CHAO, W.; BACH, E. The Metaphysics of Natural Language(s). In: KEMPSON, R.; FERNANDO, T.; ASHER, N. (Eds.). Philosophy of Linguistics, v. 14. Amsterdam: North Holland, Elsevier, pp. 175-196, 2012.
CHOMSKY, N. Biolinguistics and the human capacity. Budapeste: MTA, 2004. Available at: < http://www.chomsky.info/talks/20040517.htm>. Last access in: 01. Jun. 2018.
CINQUE, G. Adverbs and Functional Heads: a crosslinguistic perspective. New York: Oxford University Press, 1999.
CINQUE, G. Restructuring and functional heads: the cartography of syntactic structures. New York: Oxford University Press, 2006.
COSTA, J.C. The sciences of language: communication, cognition and computation. In: AUDY, J; MOROSINI, M. Innovation and interdisciplinarity in the university, Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007.
DAHL, Ö. Tense-aspect-mood-evidentiality (TAME) and the organization of human memory. MOLSING, K.V.; IBAÑOS, A.M.T. (Ed.). Time and TAME in language. Newcastle: Cambridge Scholars, p. 22-53, 2013.
FERREIRA, M. Alçamento temporal em complementos infinitivos do português. Cadernos De Estudos Lingüísticos, v. 62, 2020.
HACQUARD, V. Aspects of Modality. Ph.D. Dissertation. Massachusetts Institute of Technology, 2006.
HACQUARD, V. Modality. University of Maryland, 2009. Available on: < http://ling.umd.edu/~hacquard/papers/HoS_Modality_Hacquard.pdf> Last access on: Mar 25th, 2020.
HOCKETT, C.F. The origin of speech. Scientific American, v. 203, p. 89-96, 1960.
KLEIN, W. How time is encoded? In: KLEIN, W.; LI, P. (Eds.). The expression of time. Berlin/New York: Mounton de Gruyter, 2009. p. 39-82.
KRATZER, A. What “must” and “can” Must and Can Mean. Linguistics and Philosophy, p. 337-355, 1977.
KRATZER, A. The notional category of modality. In: Worlds, Words, and Contexts. (Eds.). Eikmeyer, H.-J. and H Rieser. Berlín: de Gruyter, 1981, p. 38-74.
KRATZER, A. Modality. In von STECHOW, A; D. WUNDERLICH, D. (Ed.). Semantics: An International Handbook of Contemporary Research, 1991, pp. 639-650.
KRATZER, A. Modality for the 21st Century. 19th International Congress of Linguists. Geneva, 2013. p. 181-201.
KRATZER, A. Where does modality come from? In: 3rd EISSI (lecture). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2018.
KRIPKE, S. Naming and necessity. Oxford: Basil Blackwell, 1980.
LEWIS, D. Counterfactuals. Oxford: Blackwell, 1973.
LEWIS, D. Finkish Dispositions, The Philosophical Quarterly 47, 187, p. 143-58, 1997.
LUDLOW, P. Semantics, tense, and time: an essay in the metaphysics of natural language. Cambridge: MIT Press, 1999.
LUNGUINHO, M. V. On the acquisition of root and epistemic modals in Brazilian Portuguese. ReVEL, special issue 8, 2014.
OLIVEIRA, R.P.A study on the semantics of Portuguese imperfective modals in epistemic contexts. Revista Letras, Curitiba, UFPR, n. 99, pp. 58-74, jan./jun. 2019.
PAPAFRAGOU, A. The acquisition of modality: implications for theories of semantic representation. Mind & language, v. 13, n. 3, p. 370-399, 1998.
REICHENBACH, H. Elements of Symbolic Logic. New York: Dover Publications, Inc, 1947.
RIZZI, L. On some properties of subjects and topics. In Laura Brugé, Giuliana Giusti, Nicola Munaro, Walter Schweikert & Giuseppina Turano (eds.), Proceedings of the XXX Incontro di Grammatica Generativa, p. 203–224. Venezia: Cafoscarina, 2005.
RIZZI, L. On the form of chains: criterial positions and ECP effects. In L. Cheng, N. Corver (eds.), On wh movement, p. 97–133. Cambridge, MA: MIT Press, 2006.
RIZZI, L. Notes on labeling and subject positions. In E. Di Domenico, C. Hamann & S. Matteini (eds.), Structures, strategies and beyond – Studies in honour of Adriana Belletti, p. 17–46. Amsterdam: John Benjamins, 2015.
STEPHANY, U. Modality. FLETCHER, P.; GARMAN, M. (Eds.). Language Acquisition. Cambridge: Cambridge University Press, p. 375-400, 1986.
VENDLER, Z. Linguistics in Philosophy. New York: Cornell University Press, 1967.
Publicado
23-09-2020
Como Citar
PENZ, Y.; IBAÑOS, A. M. T. Tardis & Tame: um ensaio sobre o significado e a metafísica da linguagem natural. Scripta, v. 24, n. 51, p. 71-102, 23 set. 2020.