O Hipupiára e a poética: uma reflexão sobre os limites do verossímil e da autópsia no século XVI
Resumo
Resumo: O estudo tem como matéria práticas de descrição e, também, uma imagem manuscrita, e outra, análoga, impressa, que compõem livros de Pero de Magalhães de Gandavo, intitulado, o primeiro - manuscrito depositado nos dias de hoje no Museu do Escorial -, Historia da prouincia Sancta Cruz, a que ulgar mente chamamos Brasil: feita por Pero Magalhães de Gandauo, dirigida ao muito Illustre Sñor Do Lionis Pereira, e, o segundo, Historia da prouincia Sãcta Cruz a que ulgarmente chamamos Brasil feita por Pero de Magalhães de Gandauo dirigida ao mui Illusmo Dom Lionis Pa gouernador que foy de Malaca e das demais partes do Sul da India - encontrado no acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Objetiva-se compreender como a figuração do monstro Hipupiára, presente nas duas versões do livro de Pero de Magalhães de Gandavo acima mencionados, é constituída poética e retoricamente, evidenciando-se processos de analogia, fundamentais para a composição dos corpora monstrorum, e a relação entre história, poética, autópsia e verossimilhança.
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Referências
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