A escrita de direitos humanos na literatura brasileira contemporânea: o caso das narrativas de vida

  • Denise Borille de Abreu

Resumo

Este artigo visa estabelecer aproximações entre literatura e direitos humanos, abordando tanto a produção crítica especializada quanto as narrativas literárias no Brasil contemporâneo. Posto que as classes dominantes destituem os sujeitos marginalizados do direito à livre expressão, e partindo da existência de condições desiguais de acesso ao mundo letrado e de representatividade nas configurações sociais do país, desde a época colonial até os dias atuais, buscou-se entender as formas narrativas particulares através das quais os sujeitos excluídos se pronunciam contra os poderes hegemônicos. Nesse aspecto, um enfoque especial é dado às “narrativas de vida” (life-writing), sobretudo por esse gênero ser alicerçado na subjetividade da experiência do sujeito que narra e aberto a um linguagem tão inovadora quanto heterogênea, polifônica e inclusiva.

Palavras-chave: Direitos humanos. Narrativas de vida. Lugar de fala. Polifonia. Literatura brasileira.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Beyond Human Rights. In: VIRNO, P.; HARDT, M. (Eds.). Radical Politics in Italy: A Potential Politics. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1996.

AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.

ANDRADE, Carlos Drummond. A rosa do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

ARBEX, Daniela. Holocausto brasileiro. São Paulo: Geração Editorial, 2014.

ARRAES, Jarid. Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis. São Paulo: Pólen, 2017.

ASSARÉ, Patativa. Coleção Melhores Poemas. São Paulo: Global Editora, 2011.

ASSARÉ, Patativa. Cordel. São Paulo: Editora Hedra, 2008.

BANDEIRA, Manuel. Belo belo. São Paulo: Global, 2014.

BARRETO, Lima. Diário do hospício: o cemitério dos vivos. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

BENTES, Anna Christina. Oralidade, política e direitos humanos. In: Ensino de língua portuguesa: oralidade, escrita, leitura. São Paulo: Contexto, 2014. p. 41-53.

BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Relatório final, volume I. Disponível em: <http://www.cnv.gov.br/images/relatorio_final/Relatorio_Final_CNV_Parte_1.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2015.

BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Relatório final, volume II. Disponível em: <http://www.cnv.gov.br/images/relatorio_final/Relatorio_Final_CNV_Parte_2.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2015.BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Relatório final, volume III. Disponível em: <http://www.cnv.gov.br/images/relatorio_final/Relatorio_Final_CNV_Parte_3.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2015.

BUTLER, Judith. Precarious Life: The Powers of Mourning and Violence. London: Verso, 2004.

CANDIDO, Antonio. Vários escritos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2011.

DALCASTAGNÈ, Regina. Uma voz ao sol: representação e legitimidade na narrativa brasileira contemporânea. In: Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, n. 20,: jul.o/ago. p. 33-87. 2002. pp. 33-87.

EVARISTO, Conceição. Ponciá Vivêncio. Rio de Janeiro: Pallas Editora, 2014.

FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica. São Paulo: Edições 70, 2010.

FREITAS, Angélica. Um útero é do tamanho de um punho. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

GATTAI, Zélia. Anarquistas graças a Deus. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

GINZBURG, Jaime. Crítica em tempos de violência. São Paulo: EDUSP, 2012.

GINZBURG, Jaime. Literatura e direitos humanos: notas sobre um campo de debates. In: BITTAR, Eduardo (Org). Educação e Metodologia para os Direitos Humanos. São Paulo: Quartier Latin, 2008. p. 339-360.

JESUS, Carolina Maria de. Antologia Pessoal. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996.

JESUS, Carolina Maria de. Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada. 1a Ed, São Paulo: Francisco Alves, 1961.

JESUS, Carolina Maria de. Diário de Bitita. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

JESUS, Carolina Maria de. Pedaços da fome. São Paulo: Editora Áquila Ltda, 1963.

JESUS, Carolina Maria de. Provérbios. São Paulo: s/editora. (s/data).

JESUS, Carolina Maria de. Meu estranho diário. São Paulo: Xamã, 1996.

JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada.São Paulo: Francisco Alves, 1960.

LARA, Sílvia H. (Apresentação). Biografia de Mahommah G. Baquaqua. In: Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 8, n. 16, p. 269-283, mar./ago., 1988.

LÉVINAS, Emmanuel. Totalité et infini: essai sur l’extériorité. Paris: Le Livre de Poche, 1990.

LISPECTOR, Clarice. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina e outros contos. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

LISPECTOR, Clarice. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

LISPECTOR, Clarice. “Mineirinho”. In: LISPECTOR, Clarice. A legião estrangeira. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964.

LUKÁCS, Georg. A teoria do romance. São Paulo: Editora 34, 2000.

MARTINS, Geovani. O sol na cabeça. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

MAHOMMAH BAQUAQUA. Revista Brasileira de História. São Paulo. V. 8, n. 16, mar./ago., 1988, p. 269-283.

MUNDURUKU, Daniel. Memórias de um índio: uma quase autobiografia. Porto Alegre: Editora Edelbra, 2016.

PENHA, Maria da. Sobrevivi... Posso contar. São Paulo: Saraiva, 2012.

POTIGUARA, Eliane. Metade cara, metade máscara. Lorena, SP: UKA Editoral, 2018.

QUEIROZ, Nana. Presos que menstruam. Rio de Janeiro: Record, 2015.

RAMOS, Graciliano. Infância. 10. ed. São Paulo: Martin Claret, 2006.

REIS, Maria Firmina. Úrsula: romance. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2017.

RUFFATO, Luiz. Eles eram muitos cavalos. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

SILVA, Luiz Inácio Lula. A verdade vencerá: o povo sabe por que me condenam. São Paulo: Boitempo Editorial, 2018.

SÓFOCLES. Antígona. São Paulo: Martin Claret, 2014.

SPIVAK, Gayatri. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2014.

Publicado
24-05-2019
Como Citar
Abreu, D. B. de. (2019). A escrita de direitos humanos na literatura brasileira contemporânea: o caso das narrativas de vida. Scripta, 23(47), 25-32. https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2019v23n47p25-32