O texto da filosofia e a experiência literária
Resumo
Uma reflexão sobre os dois tópicos do título – o texto da filosofia e a experiência literária – permite-nos colocar três questões: 1) O que faz o “texto filosófico” com a “experiência literária”?; 2) Como usamos a filosofia na construção da noção de “experiência literária”?; 3) O que faz a literatura com o texto da filosofia? Detendo-nos mais demoradamente na primeira questão, recordaremos duas configurações matriciais que reencontraremos em outras configurações históricas: a da suspeita e acusação platônicas da poesia e a do seu acolhimento em Aristóteles, que lhe reserva um lugar na hierarquização do conhecimento. A estas acrescentaremos as diferentes configurações do fascínio, da rivalidade e da reunião que, desde o primeiro romantismo alemão e, a seguir
em Nietzsche, se prolongam e transformam ao longo do século XX. O último movimento argumentará que as fronteiras, formais e históricas, entre a filosofia enquanto texto e o texto literário enquanto experiência podem tornar-se fortemente instáveis, mas não podem ser apagadas.
Downloads
Referências
ARISTÓTELES. Poética. 3. ed. Trad. Eudoro de Sousa. Lisboa: IN/CM, s/d.
AUSTIN, J. L. How to do things with words. Oxford: University Press, 1962. (Trad. fr.: Quand dire c’est faire. Paris: Seuil, 1970).
BADIOU, Alain. Manifeste pour la philosophie. Paris: Seuil, 1989.
BAKHTINE, M. Les études littéraires aujourd’hui e Les carnets de 1970-1971. In: Esthétique de la création verbale. Paris: Gallimard, 1979. p. 339-379.
BAKHTINE, M.; MEDVEDEV. The formal method in literary scholarship. John Hopkins: U. P., 1985.
BARTHES, Roland. Leçon. Paris: Seuil, 1977. (Trad. port.: Lição. Lisboa: Edições 70, 1979).
BRUNS, Gerald L. Modern poetry and the idea of language. New Haven: Yale University Press, 1974.
COLERIDGE. Biographia literaria. London: Rutland, Vermont: Everyman’s Library, 1991.
CULLER, J. Preface. In: On deconstruction. Ithaca: Cornel U. P., 1982.
DEGUY, M. La poésie en question. In: Modern Language Notes, v. 85, n. 4, p. 419-433, 1970.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Qu’est-ce que la philosophie? Paris: Seuil, 1991.
DERRIDA, Jacques. La mythologie blanche. In: Poétique, n. 5, 1971, p. 1-8. Republicado. In: Derrida, 1972, p. 247-324.
DERRIDA, J. Marges de la philosophie. Paris: Minuit, 1979.
DERRIDA, J. Signéponge. Columbia University Press, 1984. (Ed. fr.: Signéponge, Paris: Seuil, 1988).
DERRIDA, J. Demeure. Paris: Galilée, 1998.
DUFRENNE, Mikel. Le poétique. Paris: P.U.F., 1963.
ÉVEN-ZOAR. I. Polysystem theory (1979) e The literary system. In: Poetics Today, v. 11, n. 1, p. 9-44, 1990.
FREUD, S. La création littéraire et le rêve éveillé. In: Essais de psychanalyse apliquée. Paris: Gallimard, (1ª trad. fr.: 1933), 1971. p. 69-81.
GUSMÃO, Manuel. Da poesia como razão apaixonada 3. In: BASÍLIO, K.; GUSMÃO, M. (Org.). Poesia & ciência. Lisboa: Cosmos, 1995. p. 235-248.
HAMBURGER, K. A lógica da criação literária. São Paulo: EDHUC/Pontes, 1975.
HEIDEGGER, Martin. Approche de Holderlin. Paris: Gallimard, 1973.
HEIDEGGER, Martin. Qu’est-ce que la philosophie? Paris: Gallimard, 1957.
HUSSERL, Edmund. L’origine de la géométrie. Trad. J. Derrida. Paris: P.U.F., 1974.
INGARDEN, R. A obra de arte literária. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1973.
ISER, W. L’Acte de lecture: théorie de l’effet esthétique. Bruzelles: Pierre Mardaga, s/d.
JAKOBSON, R. Fragments de La nouvelle poésie russe. Esquisse première: Vélimir Khlebnikov. Questions de poétique. Paris: Seuil, 1973.
JAKOBSON, R. Linguistics and poetics. Paris: Minuit, 1963. (Trad. fr: Linguistique et poétique, Essais de linguistique générale).
KEATS, J. To George George and Tom Keats (December, 21, 1817) e To Richard Woodhouse (October, 27, 1819). In: BLOOM, Harold. L. Trilling (Ed.). The Oxford anthology of english literature: romantic poetry. New York/London/Toronto: Oxford University Press, 1980. p. 762-786.
LACOUE-LABARTHE, Philippe; NANCY, Jean-Luc. L’absolu littéraire: théorie de la littérature du romantisme allemand. Paris: Seuil, 1978.
LIMA, Luiz Costa. Vida e mimesis. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.
MAN, Paul de. Da metáfora. S. Paulo: EDHUC/Pontes, 1992.
MAN, Paul de. Semiology and rhetoric. In: Allegories of reading. New Haven and London: Yale U. P., 1979, p. 3-19.
MAN, Paul de. The resistance to theory. Minneapolis: Univ. of Minnesota, 1982.
MEYER, Michel. Langage et littérature. Paris: P.U.F., 1992. (Trad. Linguagem e literatura. Lisboa: USUS Editora, 1994).
NIETZSCHE, F. La naissance de la philosophie à l’époque de de la tragédie grecque. Paris: Gallimard, 1985.
NIETZSCHE, F. O livro do filósofo. Porto: Rés-Editora, 1984. p. 21-79 e 89-109.
PAULHAN, Jean. Les fleurs de Tarbes ou la terreur dans les lettres. Paris: Gallimard, 1941.
PIATTELLI-PALMARINI, Massimo (Org.). Théories du langage/théories de l’apprentissage: le débat entre Jean Piaget et Noam Chomsky. Paris: Seuil, 1979.
PLATÃO. República. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: F. C. Gulbenkian, 1993.
POSNER, R. In: MAYORAL, J. A (Org.). Pragmática de la comunicación literaria. Madrid: Arco/Libros, 1987. p. 125-136.
RAYMOND, Marcel. De Baudelaire au Surréalisme. Paris: Librairie José Corti, 1982.
SCHILLER, F. Sobre a educação estética do ser humano numa série de cartas e outros textos. Trad. Teresa Rodrigues Cadete. Lisboa: IN/CM, 1994.
SCHLEGEL, A. et al. Fragments de l’Athenaeum. In: LACOUE-LABARTHE; NANCY. L’absolue litteraire. Paris: Seuil, 1978. p. 98-178.
SCHLEGEL, F. Fragments critiques. In: LACOUE-LABARTHE; NANCY. L’absolue litteraire. Paris: Seuil, 1978. p. 81-97.
SHELLEY. Defence of poetry. In: Essays, Letters from Abroad, Translations and Fragments, by Percy Bisshe Shelley. Trad. port: Defesa da poesia. (Introdução, notas e tradução de J. Monteiro-Grillo). 4. ed. Lisboa: Guimarães Editores, 2001. p. 33-87.
O envio de qualquer colaboração implica, automaticamente, a cessão integral dos direitos autorais à PUC Minas. Solicita-se aos autores assegurarem:
- a inexistência de conflito de interesses (relações entre autores, empresas/instituições ou indivíduos com interesse no tema abordado pelo artigo), e
- órgãos ou instituições financiadoras da pesquisa que deu origem ao artigo.
- todos os trabalhos submetidos estarão automaticamente inscritos sob uma licença creative commons do tipo "by-nc-nd/4.0".