O letrado e o guerreiro: ou dois ensaios sobre o âmago terrível da linguagem

  • Renato Janine Ribeiro
Palavras-chave: Guimarães Rosa, Hobbes, Linguagem, Guerra e jogo

Resumo

No seu conto “Famigerado”, Guimarães Rosa faz um guerreiro procurar um letrado, a fim de resolver questão de vida ou morte: foilhe dirigida uma ofensa, que deve vingar, ou um elogio, que pode aceitar? Como o guerreiro vem das montanhas do São Ão, podemos sugerir que provenha da intensificação de nossa língua portuguesa, língua do não, como disse Mário de Andrade, contrastando-a com as línguas do oil, do oc e do si. Podemos também, comparando essa passagem com o capítulo do Leviatã (1651) em que Thomas Hobbes define a linguagem, apontar um âmago terrível desta última, no qual ela é guerra – e só é pacificada ao tornar-se literatura, mas enquanto jogo, enquanto extirpação de seus poderes específicos e assustadores.



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Referências

AUBREY, John. Brief lives. Harmondsworth: Penguin, 1972.

HOBBES, Thomas. Behemoth ou o Longo parlamento. Trad. brasileira de Eunice Ostrensky, revisada e prefaciada por Renato Janine Ribeiro. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001.

HOBBES, Thomas. Leviatã. Trad. brasileira de Monteiro e da Silva. São Paulo: Abril, 1973. (Coleção Os Pensadores)

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RIBEIRO, Renato Janine. Ao leitor sem medo: Hobbes escrevendo contra o seu tempo. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.

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SKINNER, Quentin. Razão e retórica na filosofia de Hobbes. São Paulo: Editora da Unesp, 1999.

Publicado
21-03-2002
Como Citar
Ribeiro, R. J. (2002). O letrado e o guerreiro: ou dois ensaios sobre o âmago terrível da linguagem. Scripta, 5(10), 307-320. Recuperado de https://seer.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/12409