Toda terra é Karbala, todo dia é Ashura: a pedagogia do martírio nas narrativas xiitas e a construção de uma identidade de resistência. 2018. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.

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Patrícia Simone do Prado

Resumo

Propõe-se nesta tese analisar como as narrativas sobre o martírio de Imam Hussein no deserto de Karbala no ano 680 d.C, pode constituir um tipo de pedagogia, entre os xiitas, e como essa pode influenciar a construção de um tipo de identidade entre eles. Estruturada em cinco capítulos, buscou-se compreender e interpretar a construção da identidade xiita, como religiosa e política, a partir do ensino e aprendizagem da narrativa sobre o martírio de Imam Hussein. Através da pesquisa de campo no Brasil e no Líbano, objetivou-se verificar e compreender como a comunidade xiita ensina e aprende sobre o martírio ocorrido em Karbala. Utilizando-se da metodologia da Teoria Fundamentada nos Dados (Grounded Theory) verificou-se, através da observação participante e de entrevistas semiestruturas, as mobilizações e desdobramentos que o ensino da narrativa sobre o martírio de Imam Hussein gera nessas comunidades. As entrevistas semiestruturadas foram norteadas por três eixos temáticos: 1) a respeito do aprendizado sobre o martírio de Imam Hussein; 2) a respeito do conceito de martírio no Islã; 3) a respeito da importância da narrativa sobre o martírio de Imam Hussein para a comunidade muçulmana xiita e para a sociedade em geral. As entrevistas e as observações do tipo participante foram realizadas na cidade de Foz do Iguaçu, no Brasil, e, no Líbano, na cidade de Beirute e na Aldeia de Mhabib. Família, religião e escola, foram as três instituições de formação de longa duração escolhidas para observação e análise sobre o ensino e aprendizagem dessa narrativa. Interpretou-se que, no momento da lembrança do martírio de Imam Hussein, seja através da celebração anual de seu martírio (Ashura), seja através do ensino compartilhado, ocorre uma identificação com o sofrimento de Imam Hussein que leva à manutenção e preservação de valores contidos na narrativa. Tais valores são a base para a identificação do grupo, de forma religiosa como xiitas e política como resistentes. Compreendeu-se nessa pesquisa que as três instituições são responsáveis pelo ensino e manutenção dessa narrativa, sendo a instituição família, a primeira instituição a compartilhar e manter esse ensino. Conclui-se que as narrativas sobre o martírio de Imam Hussein e seus companheiros influenciam na construção de um determinado tipo de identidade que se apresenta como religiosa e política. Apesar das distintas formas de ensino e apreensão da narrativa sobre o martírio, pode-se dizer que há uma base comum que permite a utilização dessa como conteúdo pedagógico que alimenta a construção de práticas que dão forma a identidade(s) específica(s).

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Como Citar
PRADO, P. S. DO. Toda terra é Karbala, todo dia é Ashura: a pedagogia do martírio nas narrativas xiitas e a construção de uma identidade de resistência. 2018. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG. HORIZONTE - Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião, v. 16, n. 51, p. 1427, 31 dez. 2018.
Seção
Dissertações e Teses/Dissertations and Theses (Resumo/Abstract)
Biografia do Autor

Patrícia Simone do Prado, PUC Minas

Doutora em Relações Internacionais - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais com doutorado sanduíche no Líbano sob a supervisão prof. Dr. Joseph Alagha na Haigazian University (2017). Mestra em Ciências da Religião - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais(2013). Especialista em Ciências da Religião - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2010). Licenciada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Minas Gerais (2008). Bacharel em Teologia pelo Seminário Batista do Estado de Minas Gerais (2001). Líder do RELIGERI - Grupo de Pesquisa Religião e Relações Internacionais (R.I.), Pesquisadora do GRACIAS - Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e árabes - Universidade de São Paulo; GEOMM - Grupo de Estudos Oriente Médio e Magreb- PUC Minas e GPREPLUDI - Grupo de Pesquisa Religião, Pluralismo e Diálogo - PUC Minas, Educação, Ética e Diversidade (PUC Minas). Membro da ABRI - Associação Brasileira de Relações Internacionais. Atualmente é docente na PUC Minas e no ISTA. Principais temas de atuação: Ashura, Cultura, Diálogo inter-religioso, Educação, Islã, Identidade, Fundamentalismo Religioso, Martírio, Pedagogia do Martírio, Religião, Resistência , Resistência Islâmica (Hezbollah), Secularização, Segurança, Terrorismo, Xiismo.