Espaços e identidades deslizantes em Venenos de Deus, remédios do Diabo, de Mia Couto
Resumo
O romance de Mia Couto nos proporciona uma observação de
pontos importantes das culturas europeia e africana e dos
trânsitos culturais entre elas. As personagens centrais do livro
são construídas em jogos especulares: o português Sidónio
Rosa e o moçambicano Bartolomeu Sozinho, ao buscarem
um ao outro, refletem-se como portadores de identidades
de fronteiras ou, como sugere Boaventura de Sousa Santos,
“interidentidades”. Sidónio e Bartolomeu são sujeitos
formados nos entre-lugares, “nos excedentes da soma das
‘partes’ da diferença” (BHABHA, 2007, p. 20). Eles se formam
através dos excedentes das culturas africana e europeia. Há,
também, entre essas personagens, uma relação que deixa
aflorar intensas contradições: Sidónio é um pseudomédico e
Bartolomeu um falso doente. No desenrolar do romance, essa
situação fortalece-se por outros segredos e enigmas.
Palavras-chave: Trânsitos identitários;Interidentidades;
Deslocamentos; Fronteiras; Mia Couto.
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Referências
BHABHA, Homi Ka. O local da cultura. Tradução de Myriam Ávila,
Eliana Lourenço de Lima Reis e Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2007. p. 19-42.
COUTO, Mia. Venenos de Deus, remédios do Diabo. São Paulo:
Companhia das letras, 2008.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 8. ed. Rio
de Janeiro: DP&A, 2003.
MATA, Inocência. A crítica literária africana e a teoria pós-colonial:
um modismo ou uma exigência? Ipotesi, Juiz de Fora, v. 10, n. 1, n. 2,
p. 33-44, jan/jun, jul/dez 2006.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Entre Próspero e Caliban – colonialismo,
pós-colonialismo e interidentidade. Novos Estudos, São Paulo-
Cebrap. n. 66, p. 23-52, jul 2003.
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